domingo, 28 de dezembro de 2014

Limites & Consensualidade

Limites & Consensualidade

O fetiche primordial do BDSM possui como caraterística principal a consensualidade. Ou seja, quando mencionamos o BDSM ou qualquer prática do meio, estamos implicando que, obrigatoriamente, há unanimidade e anuência entre as partes. Todavia, recomendamos que tal consensualidade seja emitida apenas dentro do momento de máxima sanidade possível, o que significa que devemos sobrepujar as nossas emoções e desejos mais incontroláveis, pensar, repensar e tirar todas as dúvidas que surjam, para evitar mal-entendidos, situações inconfortáveis, desprazeres desnecessários ou qualquer tipo de abuso. Algumas diferentes visões sobre a consensualidade no BDSM são expressas através de suas Bases.




Já que é necessária a consensualidade entre as partes, o que não pode ser abrangido e expressado através dela está abraçado pelo conceito dos limites. A ver:

Limite: é fronteira que marca a impossibilidade de continuar ou de realizar certa prática ou fetiche.

Os limites são, portanto, a expressão concreta e máxima do exercício da consensualidade. Não são, necessariamente, conceitos imutáveis, ou seja, podem e normalmente variam de acordo com as circunstâncias. Podem ser discutidos, expandidos, negociados ou mesmo inquebrantáveis. São conceitos relativos, ou seja, variam de indivíduo para indivíduo (o que pode ser aceitável para um, pode ser inaceitável para o outro, e vice-versa), mas devem ser totalmente objetivos. Podolatria, por exemplo, pode ser uma prática extremamente prazerosa para uns, mas repugnante para outros.

Assim, preferimos classificar as tantas práticas do BDSM utilizando-nos dos três conceitos abaixo:

Práticas Verdes: práticas, técnicas e fetiches que já foram experimentados, que sempre proporcionaram prazer, ou que não possuem qualquer limite. Normalmente possuem pouco risco à saúde mental e física de todos os praticantes.

Práticas Amarelas: práticas, técnicas e fetiches que já foram experimentados e nem sempre proporcionaram prazer, ou que nunca foram foram experimentados e deseja-se vivenciar, ou que possuem limites negociáveis, variáveis e/ou expansíveis. Normalmente podem oferecer um risco moderado à saúde mental e física de pelo menos um dos praticantes ou necessitar de experiência/prática/treinamento ou cuidados especiais.

Práticas Vermelhas: práticas, técnicas e fetiches que já foram experimentados e que proporcionaram desconforto/dor inaceitáveis, ou que nunca foram experimentadas e não deseja-se vivenciar, ou que possuem limites irredutíveis. Normalmente, podem oferecer um alto risco à saúde mental e física de pelo menos um dos praticantes, mesmo com experiência/prática/treinamento ou cuidados especiais.

Tal classificação pode ajudar na definição e na transparência ao estabelecer os limites entre as partes. É totalmente individual e algumas práticas podem transitar entre as categorias, enquanto outras não. Abrasamento (também conhecido como branding) e asfixia erótica, por exemplo, são sempre práticas vermelhas, por que, por mais experiência que se tenha em realizá-las e tenha-se tomado todos os cuidados necessários, ainda existem altos riscos à saúde de pelo menos um dos praticantes. Spanking com as mãos (bare-handed spanking), por outro lado, é usualmente classificada como uma prática verde, mas pode vir a ser uma prática amarela ou vermelha para algumas pessoas (por algum trauma psicológico, por sentirem desconforto ou dor intensos e indesejáveis, ou por qualquer outro motivo).

Por isso, é recomendável e saudável que todos os indivíduos possuam auto-conhecimento para que consigam discernir seus objetivos e traçar um caminho para sua busca pelo prazer. Porque todos nós possuímos limites, sejam conhecidos, sejam ainda desconhecidos.

Por Medieval Dragon (MD)


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