sábado, 8 de setembro de 2012

RACK (Risk Aware Consensual Kink)

Tara consensual consciente do risco. Criada para se contrapor ao SSC. Enquanto no SSC as pessoas estão seguras pela safeword, no RACK elas estarão conscientes do risco.Risk-Aware (determinação de riscos): Ambos, ou todos o parceiros, estão bem informados dos riscos envolvidos na atividade proposta.Consensual: Conhecido esses riscos, ambos ou todos os parceiros, de espontânea vontade, oferecem um consenso preliminar para realizar a dita atividade.Kink (perversão): A atividade tida como classificada como sexo alternativo.O conceito “RACK” foi cunhado em reação a insatisfação da comunidade BDSM com referência à questões políticas internas e externas que cercam a ética SSC. Gary Switch, em um ensaio que circulo entre as listas USENET, foi o primeiro a propor o de sejo de um retrato mais acurado do tipo de atividade na qual esteja engajado.Confesso que tenho uma série de objeções, mais ou menos procedentes, sobre o RACK e gostaria de começar pelo conteúdo indeológico da questão. Se você é daqueles que acha um horror colocar ideologia em tudo, sinto informar que esse é o principal “ingrediente” dessas definições.A primeira implicação que tenho é como o “K”. Kink? Alternativo? Bizarro? Perversão? Alto lá! Eu considero essa questão delicada e não pode ser traduzida com tanta rapidez e facilidade. O que leva uma manifestação sexual, uma forma de vida e de viver a sexualidade, acomodar-se com a categorização de alternativo, bizarro ou o que seja? Sexualidade é sexualidade e ponto. A questão do “enquadramento” de manifestações é o primeiro passo para o controle e para a discriminação. Não me considero bizarro, alternativo, o que seja! Se o “estabelishment” não aceita minha manifestação, isso não significa que ela é menos legítima do que qualquer outra, seja qual for. Rejeito fortemente essa definição, ela sim, bizarra.Outra questão que gostaria de levantar aqui,é a questão do “Risk aware” , conhecimento de risco. Ela veio em contraposição ao seguro que era , ou deveria ser, “livre de riscos”. Na minha visão, a contraposição à isso, ou seja, o conhecimento dos riscos, é precaríssima. Quem , de fato, pode avaliar a extensão dos riscos de práticas como eletrocussão, branding ou qualquer outra? Se isso também não está garantido no SSC, há uma outra questão a de que essa “consciência dos riscos” têm repercussão direta no “C” , ou seja, no consensual. No limite, na minha visão, essa é uma postura cômoda à um Dominante em caso de problemas. Já que é “mutuamente consentido”, a responsabilidade divide-se, deixa de ser uma responsabilidade precípua do Dominante para ser motivo para que se diga “oras, porque você está reclamando? Você não concordou com os riscos?”Ressalte-se: longe de ser um instrumento meramente normativo, essas definiçõe são orientativas, delineadoras de caminhos, o que nos separa do prazer para ambos. Isso nos fará resgatar um outro desses “princípios” , o SSS, São, Seguro e SENSUAL. Enunciado pelo Klaus , na época membro do grupo SOMOS (ainda em atividade), distingue-se das demais definições por rejeitar a consensualidade. O que pode causar espanto para muitos (senão todos) é logo rechaçado na seguinte frase, para mim muito oportuna, no artigo de Klaus que reproduzirei no final desse artigo: “Sensual deve ser toda a situação que envolve os parceiros. Caso contrario, vira carnificina. Vira bandalheira, abuso, desrespeito. Sem sensualidade passa a ser Brutalidade, Despotismo, Sacanagem, Maluquice.”E o que é sensualidade? Sensualidade é a relação baseada no prazer mútuo, no respeito, no bom senso, no conhecimento profundo dos parceiros, na responsabilidade do Dominante em conduzir a cena de forma que o resultado final seja recompensante tanto ao Dominante que não teve restrições ao seu Domínio senão o Bom Senso, a Saúde e a Segurança (elementos fundamentais ao meu ver) e ao submisso que tem sua integridade física e mental rigorosamente observada. É óbvio que para que o SSS vingue, aliás como tudo mais no BDSM, é necessário um grande respeito de ambas as partes à integridade corporal e mental de quem esta envolvido na play. Isso é absolutamente necessário, uma tarefa de longo prazo à que todos devemos nos propor a fazer, sejamos antigos praticantes ou (principalmente) novatos. Saber que se mexe muito seriamente com a vida de pessoas por mais que se coloquem como servidores, ou seja, como diria , em outras palavras, o Edghe, BDSM é coisa para adultos. Refletir qual princípio norteador mais nos contempla, é ter em princípio essas questões que , palidamente, delineei aqui. E que sejamos todos felizes!

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